Faz tempo que eu enfrento o dilema das princesas da Disney. Apesar de amar todos os desenhos e ter decorado a sequência deles pelas inúmeras vezes que assisti nos últimos quatro anos, sempre me questiono o quanto isso pode afetar a personalidade da menina que um dia se tornará mulher.
Eu confesso que já sonhei com o príncipe encantado e a família perfeita do comercial de margarina. Mas saindo da adolescência eu tive o choque da separação dos meus pais. De repente eu vi que o mundo real é bem diferente da Magia da Disney. Enfrentei as minhas dores, superei os meus medos e decidi seguir meu caminho sem sonhar em um dia casar com o homem perfeito. Quando eu menos esperava, encontrei o homem com quem eu me casaria e seria o pai dos meus filhos. Construímos uma relação maravilhosa, somos muito felizes e cúmplices, mas não foi por meio de um passe de mágica que isso aconteceu.
Foram anos de convívio e muita conversa para chegarmos onde estamos hoje – uma relação de amor, felicidade, gratidão, companheirismo e de frutos eternos.
Ano passado eu levei a Sofia no Disney On Ice e essa minha reflexão veio muito forte. Que exemplo que quero dar a minha filha? Ela vai se encantar com o mundo das princesas e um dia descobrirá que o mundo real é tão diferente. Será que estou fazendo o certo? Ao lembrar às aulas da faculdade, resolvi ponderar melhor e refletir o quanto os Contos de Fadas são importantes para o universo infantil. A criança precisa sonhar, interpretar, criar falas e personagens.
O espetáculo como previsto foi encantador para mim, imagine para ela que vive esse mundo e acredita que todos os personagens são reais. Deixei um pouco o meu feminismo de lado e aproveitei com ela toda a Magia oferecida durante as duas horas de show.
Conclui que podemos vivenciar experiências mágicas, faz parte do desenvolvimento infantil, e na hora certa eu conto para ela que ninguém precisa de um príncipe encantado para ser feliz; as mulheres não precisam competir para ver quem é a mais bonita; é importante ser gentil, mas isso deve vir junto com autoconhecimento e colocação de limites. Também não vale a pena pagar qualquer preço para estar com o homem idealizado porque muitas vezes a desilusão pode causar consequências para o resto da vida. E que um beijo de amor verdadeiro pode vir de quem está mais perto do que se imagina.
Essas são algumas das “filosofices” de quem acredita que podemos vencer a sociedade machista e olhar a outra mulher com admiração pelas escolhas dela e não com preconceito porque são totalmente opostas das minhas.
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